O Ceticismo no Mercado Financeiro

O Ceticismo no Mercado Financeiro

Dólar em queda, Bolsa no maior patamar em muitos meses, PIB maior que o esperado, desemprego em baixa. Os números da economia brasileira em 2023 nos surpreendem. Principalmente porque, no final do ano passado, as previsões não eram lá muito otimistas sobre as finanças na gestão Lula.

E em março deste ano, 86% dos fundos de investimento avaliaram como negativo o trabalho inicial do novo governo, segundo pesquisa Genial/Quaest. Mas por que, mesmo depois das boas notícias recentes, os analistas ainda veem o ceticismo como perspectivas para o país?

Antes, é preciso dizer que alguns dos próprios analistas admitem um exagero lá atrás nas perspectivas negativas sobre o novo governo. O dólar no momento está cotado abaixo dos 5 reais, enquanto alguns previam, no final do ano passado, que a cotação poderia ultrapassar a casa dos 6 reais.

O PIB, que é a soma de tudo o que é produzido no país, cresceu 1,9% nos primeiros três meses do ano, uma taxa acima do esperado. Rafaela Vitória, economista-chefe do Banco Inter, disse o seguinte: “Eu acho que houve um pessimismo um pouco exagerado no começo do ano. Mas agora nós estamos vendo que a situação não é tão ruim assim”.

Mas vamos ao primeiro fator que o mercado cita para a descrença com os rumores da economia

O histórico de alto endividamento do governo e a possibilidade de que a alta dívida pública cresça ainda mais.

Quando o governo gasta mais do que arrecada com impostos, ele precisa recorrer aos credores. Se surgem dúvidas sobre a capacidade de o governo pagar o que deve, há consequências em todo o ambiente econômico: os juros sobem porque emprestar dinheiro se torna mais arriscado.

A expectativa de inflação também cresce porque um jeito fácil para um governo honrar suas dívidas é imprimir mais dinheiro. Se tem mais dinheiro em circulação, ele perde valor, o que gera aumento de preços, ou seja, inflação.

Endividamento Publico

Tudo isso afeta o crescimento da economia, a renda e o emprego. O nível de endividamento público está hoje na proporção de 73% do PIB brasileiro, mas um órgão do Senado Federal estima que essa taxa pode ultrapassar os 80% no ano que vem.

Em janeiro, o ministro da Fazenda Fernando Haddad lançou um pacote fiscal para recuperar as receitas e diminuir o rombo nas contas públicas. Mas o principal esforço do governo para mostrar comprometimento com o controle das finanças foi o arcabouço fiscal, uma proposta para conter os gastos públicos que ainda precisa ser aprovado pelo Congresso.

Nos anos anteriores, esse teto foi furado diversas vezes, aumentando os déficits. O arcabouço fiscal de agora tem uma regra um pouco diferente do teto: limita o crescimento dos gastos públicos dentro de uma taxa que vai de 0,6% a 2,5% acima da inflação. Os analistas de mercado que eu ouvi consideram o arcabouço fiscal um esforço positivo, mas não tão eficiente quanto ao teto de gastos para conter o endividamento público.

Arcabouço Fiscal um Esforço Positivo

O problema é que os críticos do teto de gastos, dizem que ele não era confiável, simplesmente porque não era factível. Bom, agora, os analistas acham que o sucesso do arcabouço de Lula depende demais do desempenho da economia.

Na visão deles, um período de atividade fraca, por exemplo, pode levar ao crescimento da dívida pública. Claudio Ferraz, economistas do banco BTG Pactual, diz que é preciso saber qual será a versão do arcabouço a ser aprovada pelo Congresso.

Mas ele fala que… “Se a economia se mostra mais resiliente, se as commodities sobem e se o governo entrega a sua parte, você tem um lado positivo. Então eu acho que vamos ter que acompanhar a evolução da arrecadação daqui para frente para saber.”

Campos Neto, por sua vez, declarou que a razão da autonomia do Banco Central é “desconectar o ciclo da política monetária do ciclo político porque eles têm planos e interesses diferentes”.

O BC é responsável por definir os juros básicos da economia. Atualmente a taxa está em 13,75% ao ano, uma das mais altas do mundo. Isso diminui o consumo e assim afeta o crescimento econômico, impactando emprego e renda. Mas o mecanismo dos juros também serve para controlar a sobrevivência, que vem desacelerando nos últimos meses.

Os economistas também aguardam a expectativa de viver para este ano, segundo o 75% ao ano, uma das mais altas do mundo. Isso diminui o consumo e assim afeta o crescimento econômico, impactando emprego e renda.

seudinheirocerto

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